Startups: Brasil demonstra potencial no cenário global

O ecossistema de startups no Brasil tem evoluído rapidamente, impulsionado por avanços regulatórios como o Marco Legal das Startups (MLS), instituído pela Lei Complementar n.º 182/2021. Essa legislação, que completou três anos, foi um divisor de águas para o setor, criando um ambiente mais favorável para a inovação e permitindo que o governo contrate soluções de startups de forma ágil. Essas inovações tornaram o setor público uma nova fronteira para empresas inovadoras testarem e validarem suas tecnologias.

Por outro lado, a vereadora Indiara Barbosa destaca que o Brasil ainda enfrenta grandes obstáculos para o desenvolvimento de startups. “Há várias dificuldades para o crescimento de startups no Brasil. O primeiro deles é a burocracia. No Brasil ainda é muito difícil fazer negócios”. Além disso, ela observa que o ambiente nacional exige mais etapas para abertura de empresas, obtenção de alvarás e pagamento de impostos em comparação com outros países.

Por mais que o MLS englobe a modalidade de contratação pública denominada “Contrato Público para Solução Inovadora” (CPSI), André Maieski, sócio da Macke Consultoria, destaca que essa prática ainda é tímida e muito limitada. De acordo com Maieski, as cidades brasileiras, especialmente as capitais, ainda carecem de um entendimento profundo sobre a lei, o que impede sua aplicação em larga escala. Para ele, é essencial que as secretarias com maior orçamento público destinem de 2 a 3% de seus recursos para startups, promovendo soluções inovadoras para os desafios enfrentados.

Juliana Minorello, fundadora e CEO da Pallas Consultoria Governamental e Conselheira da Rede Líderes Digitais, concorda que para o Brasil se consolidar como um grande hub de inovação da América Latina, é essencial criar um ambiente regulatório favorável, apoiar startups com financiamento e mentoria, e investir em educação técnica e P&D, promovendo parcerias entre setor público e privado.

O ecossistema brasileiro: oportunidades e desafios

Segundo relatório da Associação Brasileira de Startups (Abstartups), o Brasil conta com aproximadamente 13 mil startups, com a maior concentração na região Sudeste (55,8%), seguida pelo Sul (22,1%) e Nordeste (12,3%). São Paulo lidera o ranking nacional, enquanto outras cidades como Florianópolis, Rio de Janeiro, Curitiba, Belo Horizonte e Porto Alegre também contribuem para o crescimento do setor, especialmente em tecnologia da informação e serviços financeiros.

Já de acordo com o relatório “Global Startup Ecosystem Report 2024” do Startup Genome, o Brasil lidera o ecossistema de startups na América Latina, com São Paulo em primeiro lugar na região. Outras cidades brasileiras, como Rio de Janeiro (6º), Curitiba (7º), Belo Horizonte (9º) e Porto Alegre (13º), também se destacam, impulsionando setores como fintech, saúde e agronegócio.

Para André Maieski, as capitais brasileiras mencionadas “possuem instrumentos legais de incentivo à inovação por meio de Leis Municipais de Inovação, que são distintas entre si. Essa diversidade legislativa dificulta o entendimento dos empreendedores de startups e a apresentação de propostas eficazes para solucionar problemas do setor público”.

Comparação com os principais mercados

Ainda de acordo com o estudo da Startup Genome, São Paulo ocupa a 26ª posição no ranking mundial. Esse ranking avalia ecossistemas de inovação em cinco fatores principais: desempenho, fundos, talento e experiência, alcance de mercado e conhecimento, cada um pontuado em uma escala de 1 a 10.

Os cinco principais ecossistemas de startups são liderados pelo Silicon Valley (EUA), reconhecido por seu alto volume de capital de risco e concentração de talento técnico. Em segundo lugar está Londres (Reino Unido), um dos maiores centros financeiros e tecnológicos da Europa. Nova York (EUA) ocupa a terceira posição, atraindo uma diversidade de setores e oferecendo forte acesso a financiamento. Tel Aviv (Israel) segue em quarto lugar, sendo um polo de inovação em cibersegurança e inteligência artificial. Los Angeles (EUA) completa o top 5, com ênfase em biotecnologia e tecnologia de entretenimento.

Leia a matéria no portal Valor Econômico.

Materiais relacionados

A importância das instituições financeiras de desenvolvimento no financiamento de longo prazo

As instituições financeiras de desenvolvimento são fundamentais para viabilizar projetos de longo prazo em setores estratégicos, especialmente em momentos de [...]

O que é um banco de desenvolvimento?

Os bancos de desenvolvimento são instituições financeiras voltadas para promover o crescimento socioeconômico, oferecendo financiamentos atrativos para projetos estratégicos. Diferem [...]

Castrolanda assegura R$ 153 mi da Finep com apoio da Macke

A Cooperativa Castrolanda, uma das maiores cooperativas agroindustriais do Brasil, obteve um financiamento de R$ 153 milhões da Financiadora de Estudos e [...]

Volkswagen adquire R$ 304 mi do BNDES com suporte da Macke

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou um financiamento de R$ 304 milhões para a Volkswagen do [...]