Finep Reestrutura Linhas de Crédito e Taxas de Juros para Impulsionar a Inovação Estratégica

Com a reintrodução de linhas como a “Inovação para Desempenho” e a criação de bonificações, agência busca direcionar recursos para projetos de maior impacto e qualificação, mesmo com ajustes nas taxas.

A Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) anunciou uma reestruturação significativa em suas linhas de crédito e taxas de juros para 2025, uma medida que reflete a nova estratégia da agência de fomentar projetos de inovação com maior impacto e alinhamento às políticas industriais do país. As mudanças, detalhadas na atualização de 23 de setembro de 2025 de suas Condições Operacionais, trazem tanto ajustes em taxas existentes quanto a reintrodução de linhas de financiamento e a criação de novos mecanismos de incentivo, como bonificações por qualificação e parcerias estratégicas.

Embora algumas linhas tenham apresentado um leve aumento em suas taxas, como a “Mais Inovação”, que passou de TR + 2,0% para TR + 2,5% ao ano, a principal novidade é a reintrodução da linha “Inovação para Desempenho”, com uma taxa de TR + 6,0% a.a. Essa linha, que havia sido descontinuada, retorna para apoiar projetos focados em atualização tecnológica e melhoria da produtividade, mesmo que com impacto mais restrito ao âmbito da empresa. A medida amplia o leque de opções para companhias em diferentes estágios de maturidade inovadora.

Novas Linhas e Bonificações: O Foco na Qualificação e no Desenvolvimento Regional

A mudança mais celebrada, no entanto, é a criação de um sistema de bonificação por mérito tecnológico e estratégico. Agora, projetos enquadrados nas linhas “Finep Mais Inovação” e “Inovação para Competitividade” poderão obter uma redução na taxa de juros nominal. Os critérios para o benefício são claros: ter uma equipe com, no mínimo, 20% de mestres e doutores, ou destinar um volume significativo de recursos (acima de R$ 4 milhões ou 5% do projeto) para parcerias com Instituições Científicas, Tecnológicas e de Inovação (ICTs).

Além disso, a Finep reforçou seu compromisso com o desenvolvimento regional ao criar a linha “Difusão Tecnológica para Inovação”, exclusiva para empresas das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Esta linha visa apoiar a aquisição de tecnologias que promovam a modernização e o aumento da produtividade, preenchendo uma lacuna importante no fomento a essas regiões.

Angelita Nepel, sócia da Macke Consultoria, vê as mudanças como um passo importante para a valorização do capital humano na inovação. “Ao criar um incentivo financeiro direto para a contratação de mestres e doutores, a Finep não apenas barateia o custo do crédito, mas também estimula a criação de um ecossistema de inovação mais robusto e qualificado no Brasil. É um reconhecimento de que a verdadeira inovação é feita por pessoas”, afirma.

Outro ponto relevante foi a redução no prazo máximo de financiamento, que passou de 192 para 156 meses, e a diminuição da participação máxima da Finep no crédito direto, de 100% para 70%. Embora pareçam restrições, essas medidas incentivam uma maior contrapartida das empresas e um planejamento financeiro mais rigoroso, o que pode resultar em projetos mais sustentáveis a longo prazo.

Para Brendo Ribas, sócio da Macke Consultoria, a mensagem da Finep é clara: o foco é em qualidade e impacto. “Mesmo com o ajuste nas taxas, as condições da Finep continuam sendo as mais atrativas do mercado para inovação. A TR, como indexador, permanece em patamares baixos, o que mantém o custo do dinheiro muito competitivo. O que a Finep está fazendo é refinar seus instrumentos para garantir que os recursos cheguem a projetos que realmente farão a diferença para a competitividade do país”, analisa.

As novas condições já estão em vigor, e as empresas que buscam financiamento para seus projetos de inovação devem se atentar a essas mudanças para estruturar suas propostas de forma a maximizar os benefícios oferecidos, especialmente as novas bonificações e linhas de crédito setoriais e regionais.