O novo aporte de R$ 1 bilhão da Finep, via Inovacred, não é apenas um estímulo financeiro, mas uma política estratégica para levar a inovação a todas as regiões do país, fomentando o desenvolvimento local, a retenção de talentos e a criação de ecossistemas de inovação resilientes e sustentáveis.

ᅠ
O recente anúncio da Finep de R$ 1 bilhão para seu programa de crédito descentralizado, o Inovacred, representa muito mais do que uma simples injeção de capital na economia brasileira. Trata-se de uma ferramenta poderosa de desenvolvimento regional, projetada para corrigir desequilíbrios históricos e estimular a criação de polos de inovação fora dos eixos tradicionais do Sul e Sudeste. Ao capacitar agentes financeiros locais para avaliar e financiar projetos em suas respectivas regiões, a Finep está efetivamente interiorizando as oportunidades e permitindo que o potencial inovador brasileiro floresça em sua totalidade, respeitando as vocações econômicas e as especificidades de cada território.
O crédito descentralizado busca levar o fomento diretamente à porta das empresas no Norte, Nordeste e Centro-Oeste, que agora contam com R$ 300 milhões assegurados do total de R$ 1 bilhão disponibilizado. Essa abordagem não apenas financia novos produtos e processos, mas também fortalece as economias locais de forma estrutural. Quando uma empresa em Manaus, Recife ou Goiânia consegue recursos para desenvolver um projeto de inovação, ela não está apenas criando um novo produto ou serviço: está gerando empregos qualificados, demandando serviços especializados locais, formando parcerias com universidades regionais e criando um ambiente propício para o surgimento de novos empreendimentos. Esse efeito multiplicador é fundamental para promover um desenvolvimento mais harmônico e resiliente para o país, reduzindo a dependência de poucos centros econômicos e distribuindo a riqueza de forma mais equitativa.
Um dos impactos mais significativos dessa política é a capacidade de reter capital intelectual estratégico nas regiões menos desenvolvidas. Angelita Nepel, sócia da Macke Consultoria, observa que o acesso a financiamento é um fator decisivo para a fixação de talentos e para a criação de oportunidades de carreira em áreas de alta qualificação. “Quando uma empresa no interior do país consegue recursos para investir em um projeto de pesquisa e desenvolvimento, ela cria um ambiente propício para a contratação e retenção de mestres e doutores. Estamos vendo um movimento de valorização do conhecimento local, onde profissionais altamente qualificados podem construir suas carreiras em suas regiões de origem, contribuindo para o desenvolvimento de suas comunidades. Isso é fundamental para a sustentabilidade do ecossistema de inovação a longo prazo, pois cria raízes e evita a fuga de cérebros que historicamente prejudicou o desenvolvimento regional”, analisa.
Esse fenômeno tem sido observado especialmente nos últimos dois anos, com o fortalecimento das políticas de neoindustrialização e o aumento dos investimentos públicos em ciência e tecnologia. A Nova Indústria Brasil (NIB), lançada em 2024, tem articulado investimentos públicos e privados em setores estratégicos, mobilizando mais de R$ 3,4 trilhões em áreas como agroindústria, bioeconomia, construção civil, energia renovável, saúde, papel e celulose, defesa e indústria automotiva. O crédito descentralizado da Finep se insere nesse contexto como um instrumento complementar, permitindo que empresas de menor porte e localizadas fora dos grandes centros também possam participar desse movimento de transformação industrial.
Essa capilaridade do fomento também permite atender às vocações econômicas específicas de cada região, respeitando suas características e potencialidades. Rosana Nishi, especialista em projetos de inovação e sócia da Macke Consultoria, aponta para o potencial transformador dessa abordagem em setores estratégicos. “Imagine o impacto de um financiamento como este para uma empresa de bioeconomia na Amazônia, que pode desenvolver novos produtos a partir da biodiversidade local de forma sustentável. Ou para uma agritech no Centro-Oeste, que pode criar soluções tecnológicas para aumentar a produtividade e reduzir o impacto ambiental do agronegócio. O crédito descentralizado permite que a inovação ocorra onde os problemas e as oportunidades reais estão, e não apenas onde já existe uma infraestrutura consolidada. Nós, na Macke, temos estruturado projetos que vão desde a otimização de processos no agronegócio até o desenvolvimento de novos materiais a partir da biodiversidade, e o Inovacred é o instrumento que viabiliza essas transformações”, exemplifica.
Além disso, a descentralização do crédito contribui para a diversificação da matriz econômica regional, reduzindo a dependência de setores tradicionais e criando novas oportunidades de negócios. Uma região que tradicionalmente depende da agricultura, por exemplo, pode desenvolver uma indústria de processamento de alimentos com alto valor agregado, ou criar soluções tecnológicas para o setor agropecuário que podem ser exportadas para outras regiões e países. Essa diversificação é fundamental para aumentar a resiliência econômica e reduzir a vulnerabilidade a choques externos.
André Maieski, sócio da Macke Consultoria, destaca que o momento atual é especialmente favorável para empresas que têm projetos estruturados ou em fase de planejamento. “Com o ambiente de retomada da indústria e a ampliação dos instrumentos públicos de fomento, temos apoiado nossos clientes na identificação de oportunidades e no desenho de estratégias viáveis de captação. O momento é favorável para transformar planejamento em investimento produtivo, especialmente em iniciativas alinhadas às prioridades nacionais de inovação. As empresas que souberem aproveitar essa janela de oportunidade estarão bem posicionadas para liderar seus mercados nos próximos anos”, afirma.
Em suma, o fortalecimento do crédito descentralizado é uma política pública de visão, que enxerga a inovação como um fenômeno nacional e multifacetado, e não como privilégio de poucos centros desenvolvidos. Ao criar as condições para que empresas de qualquer porte e localidade possam inovar, o Brasil dá um passo decisivo para se consolidar como uma economia baseada no conhecimento, competitiva globalmente e socialmente inclusiva. Para as empresas, o desafio é transformar essa oportunidade em projetos de alto impacto, uma jornada na qual o apoio de especialistas pode ser o diferencial entre o sucesso e a frustração. A Macke Consultoria, com sua experiência consolidada e seu conhecimento profundo dos mecanismos de fomento, está preparada para ser esse parceiro estratégico nessa trajetória de transformação.