Os projetos de tecnologia são fundamentais para que as empresas tenham condições de manter a sua vantagem competitiva e dar continuidade de suas operações de modo sustentável. Investir nesses projetos pode garantir o crescimento e conquista de novos mercados.
Os projetos de tecnologia proporcionam a condição de gerar pontes para o futuro, pois eles afetam positivamente todas as áreas de uma organização. Podemos citar projetos de automação industrial como em frentes de Indústria 4.0 e Internet das Coisas (IoT), que são capazes de gerar ganhos financeiros em redução de custos. Assim como os projetos relacionados ao desenvolvimento de novos produtos que são capazes de gerar novas receitas vindas da inovação. Realizar projetos de inovação tecnológica como por exemplo na utilização de plataformas em Tecnologia da Informação e Comunicação (TICs), bem como o uso de novos materiais mais eficientes, novos designs e funcionalidades é o mínimo que uma empresa pode fazer para se manter no jogo da competitividade.
ㅤ
“A própria transformação tecnológica reduz o custo ou aumenta a diferenciação e a liderança tecnológica da empresa de forma sustentável”
– Michael Porter
ㅤ
Investimentos em Tecnologia são importantes, pois beneficiam todas as áreas da empresa. No entanto, o ponto chave a ser discutido está relacionado aos fatores de análise de viabilidade desses projetos na organização. Sabemos que esses investimentos em: Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) e Modernização, afetam positivamente todos os setores da empresa gerando ganhos tangíveis, mas o que deveria ser priorizado? Ou o que faz sentido para a empresa fazer primeiro? Uma vez que as possibilidades de aplicar recursos em diferentes frentes variam muito em valor, retorno, adequação e tempo correto?
Quando falamos em tecnologia aplicada, melhora de processos e desenvolvimento de novos produtos, entende-se que decisões importantes terão de ser tomadas para o atendimento das metas estabelecidas em seu planejamento estratégico de médio e longo prazo, mas também de seus resultados imediatos em geração de caixa e lucro contábil com geração de EBITDA positivo.
É preciso levar em consideração como será essa implementação do projeto, qual tipo de projeto irá trazer mais resultados estratégicos ou mercadológicos e o que é possível fazer sob o ponto de vista operacional. A avaliação constante considera qual projeto deverá ser priorizado de acordo com sua importância e atentando-se aos recursos financeiros da empresa.
Ao pensar nas várias premissas a serem levadas em conta para a realização desses projetos, podemos considerar que a utilização complementar de bases conceituais, podem sim ser úteis para nortear um sem-número de discussões em torno de números e cálculos de retorno financeiro que obrigatoriamente são feitos e amplamente discutidos no entorno desses projetos de ganho de competitividade. Mas antes de falarmos sobre bases de retorno financeiro, precisamos dialogar sobre as bases conceituais para avaliar projetos de tecnologia.
Para Sheridan Titman e John D. Martin, autores do livro Avaliação de Projetos e Investimentos Valuation, existe uma visão geral sobre pontos a considerar para avaliação de projetos. Podemos considerar como perguntas norteadoras de base conceitual as contidas na figura a seguir:
ㅤ
ㅤ
Utilizar bases conceituais para orientar investimentos em tecnologia não caracteriza de modo algum o desprezo às análises financeiras tradicionais relacionadas como:
ᅠ
ᅠᅠ◉ ᅠTaxa Interna de Retorno (TIR);
ᅠᅠ◉ ᅠValor Presente Líquido (VPL);
ᅠᅠ◉ ᅠRetorno Sobre Investimento (ROI);
ᅠᅠ◉ ᅠFluxo de Caixa descontado (FCD)
ᅠᅠ◉ ᅠFluxo de Caixa Livre do Projeto (FCLP);
ᅠᅠ◉ ᅠFluxo de Caixa do Acionista (FCA);
ㅤ
Podemos ter outras formas de cálculos financeiros, o que se indica é a ampla discussão prévia sob bases conceituais que façam sentido. Quando analisamos friamente os dados, podemos até visualizar um cenário favorável, mas, quando consideramos investimentos relacionados a ativos de tecnologia, elementos subjetivos dos números podem não ser percebidos de imediato. No Brasil a cultura é maior em investimentos de ativos não tecnológicos, o que torna a utilização complementar de bases conceituais ainda mais necessária.
Com a experiência de consultoria direcionada a projetos de P&D e Modernização nos últimos 13 (treze) anos, tendo movimentado mais de R$ 4 bilhões de reais ao longo desses anos trabalhando para empresas de diferentes segmentos e diferentes portes. Percebi que analisando por esse viés, é possível considerar inúmeras bases conceituais ou até mesmo perguntas norteadoras para serem consideradas juntamente com a análise fria dos números quando avaliamos investimentos em tecnologia para a empresa, tais como:
ㅤ
ㅤ
“A tecnologia afeta a vantagem competitiva sempre que possui papel significativo na determinação do custo relativo ou da diferenciação. Visto que a tecnologia está contida em toda a atividade de valor e está envolvida na obtenção de elos entre atividades, ela pode ter um efeito poderoso sobre o custo e diferenciação’’, afirma Michael Porter.
Conforme descrito acima, a experiência como consultor de investimentos em captação de recursos para projetos de tecnologia, me proporcionou um grande aprendizado empírico. Dentro da atividade de consultoria em investimentos de inovação, temos notado que empresas bem sucedidas tem utilizado de modo frequente bases conceituais para extrair informações e análises necessárias para que as empresas possam sustentar argumentos junto a seus comitês executivos e alta gestão a respeito da decisão de investir ou não em Planos Estratégicos de Inovação (PEIs). Quando consideramos que agentes financiadores de projetos de tecnologia como FINEP e BNDES consideram diferentes premissas estratégicas para aprovação de projetos de investimento de longo prazo e de grande volume de recursos financeiros, a utilização de bases conceituais é fundamental para que haja a aprovação de planos estratégicos envolvendo ativos de tecnologia.
ㅤ
Andre Moro Maieski
Sócio-fundador Macke Consultoria e Tecnologia